Anos 1 a 4

O truque de mágica de Buster Keaton

11:17

Este post foi escrito por Bardo quando colaborador do Entre Sujeitos e Verbos



O cinema mudo e preto e branco é comumente encarado de forma preconceituosa pelo público em geral. No entanto, como o valor do tesouro geralmente é avaliado por sua antiguidade, esses supostos decréscimos técnicos não influem na qualidade da produção, por vezes enriquecendo-a. A comédia foi um gênero bastante comum dentre as produções americanas. Podemos dizer que um dos grandes expoentes do berço do cinema foi Buster Keaton.


A comédia corporal é deliciosamente explorada pelo cineasta e ator. Mas ainda que gênio da comédia, seu primor e maior habilidade está na edição de filme. Aqui chamaremos a atenção para uma de suas produções mais proeminentes: Sherlock Jr, de 1924. Um projetista e faxineiro de um cinema pede em casamento uma garota. Seu rival, porém, o incrimina por roubar a corrente do relógio do pai da moça. O jovem projetista, aspirante a detetive, sente-se decepcionado. Ao ir trabalhar dorme em meio à projeção de um filme, e sonha que a película projetada é sobre a história dele como Sherlock Jr - o segundo melhor detetive só mundo, que desvendada o caso do roubo da corrente. Observe o filme abaixo, essencialmente o minuto 16. Observe os cortes da notória edição.



Utilizando apenas de edição - na época uma tesoura literal bastava - Buster Keaton faz uma das melhores cenas da época: sua figura permanece, cômica, fixada em tela como uma imagem inconsciente de ser apenas uma projeção, contínua na película, perpassando diversos e variados cenários em movimentos corporais hilariantes, enquanto incólume permanece a assistência, como indiferentes para a cena. Uma magia digníssima de aplausos.

Este post foi escrito por Bardo quando colaborador do Entre Sujeitos e Verbos

Anos 1 a 4

Jornalismo: a escolha e as primeiras impressões

06:11


Faz tempo que quero falar sobre jornalismo aqui. Hoje decidi escrever sobre como escolhi jornalismo, as primeiras impressões que tenho como caloura da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia e o que espero dos próximos semestres do curso, basicamente.

A escolha
Eu já pensei em fazer milhões de coisas desde pequena: pediatria, letras, engenharia da computação, direito... Na verdade, nada na área de saúde é pra mim. Pediatria era algo de criança. Letras, que também foi no tempo de criança, porque gostaria de ensinar (fui criada entre professoras, livros e papel) e é uma ideia que não abandono por completo, só considero outra área. Engenharia da computação quando estava cursando o técnico em eletrônica, mas me decepcionei com o mercado e desisti. Apesar de gostar de exatas, meu caminho sempre foi humanas. No quarto e último ano no Instituto Federal da Bahia, onde aprendi a gostar de filosofia, me encantava com as aulas de sociologia.

Pensei em fazer direito. Aliás, já vi muita gente que pensou em cursar direito e fez jornalismo e vice-versa. Eu tava chegando lá. Mas ainda não sabia disso. Queria fazer direito. Estava decidida (mais uma vez!). A maioria das pessoas não conhece seus direitos e deveres e eu queria fazer parte disso. Pensava em ser defensora pública pra ajudar as tais pessoas. Então uma vez me perguntaram o que me atraía no direito. Eu demorei alguns segundos pra responder. Depois vim com o papo da defensoria. Eu queria levar informações para as pessoas (mas isso não é papel do jornalista?).

Os segundos que levei pra responder me incomodaram (e muito!). Não me senti segura na minha afirmação. As coisas não encaixavam e aquilo ficou martelando na minha cabeça. Então voltei a pesquisar milhões de coisas sobre cursos, mercados, profissionais que já atuavam na área, etc etc etc... como fiz milhões de vezes.

Depois de ler bastante sobre pessoas que faziam jornalismo, decorar a ementa do curso, as possibilidades de atuação e milhões de outras coisas, eu estava decidida (de novo!). Mas dessa vez seria pra valer. Fiz o Enem, consegui a vaga e uma semana depois de concluir o ensino médio, lá estava eu entrando na universidade. Na primeira semana, destinada a apresentar a faculdade e o curso, eu já estava encantada. A vontade era sair me inscrevendo em tudo que fosse possível. Uma sensação incrível de ter feito a escolha certa me fazia acordar cedo, pegar ônibus lotado e engarrafamento todos os dias sem reclamar (tá, é claro que a gente reclama dessas coisas de vez em quando).

Então começaram as aulas, a velha pergunta sobre porque você escolheu o curso e eu tão certa respondendo que queria apenas que essa certeza me acompanhasse pelo resto da vida.

O primeiro impacto
Jornalistas são uma espécie incompreendida pela sociedade. Sensacionalismo, manipulação, falta de veracidade nas informações, tudo isso mexe com o nosso campo profissional, apesar de a credibilidade jornalística se manter forte, ao meu ver, durante todos esses anos e, espero eu, por muitos mais. Senti isso ainda antes de começarem as aulas do primeiro semestre. No dia da matrícula, a mãe de alguém que estava se matriculando perguntou qual era meu curso. Quando respondi felizmente "jornalismo", não ouvi um "interessante" ou mesmo "por que escolheu esse curso?". Eu ouvi "e você tem cara de pau? por que jornalistas são todos caras de pau". Confesso que não queria ouvir aquilo e nem sabia como responder exatamente. Achei que não valeria a pena continuar a conversa. Apenas respondi que escolhi porque achava muito interessante, importante e esperava que fosse uma boa escolha.

O que posso dizer é que estou começando o segundo semestre e tem sido uma excelente escolha, que agora irei compartilhar aqui no Entre Sujeitos e Verbos.

A certeza
Sempre gostei de pessoas, de ouvir e de contar histórias, ler, pesquisar... Sempre soube disso e a faculdade tem me lembrado e me ensinado como ouvir e contar histórias, como procurar o que ainda não foi dito e dizer a quem interessa e as milhões de formas de se fazer isso. Eu sei e tenho descoberto ainda mais que o jornalismo, assim como diversas, senão todas as áreas profissionais tem seus problemas e tenho que estar disposta a enfrentá-los ou mesmo aceitá-los. Mas sei que quero fazer isso. Quero contar às pessoas o que elas querem ou precisam saber.

Alice Guy-Blaché

O outono de Alice Guy-Blaché

20:52

Este post foi escrito por Bardo quando colaborador do Entre Sujeitos e Verbos

Alice Guy-Blaché
Movimentos feministas se tornaram bastante comuns a partir da segunda metade do século XX, em busca da valorização da mulher e de mais espaço em áreas profissionais onde era mais comum a atuação masculina. No entanto, muito antes disso mulheres já se destacavam em diversas áreas onde a presença masculina ainda era majoritária. No cinema, a primeira mulher não só serviu de estreia para o dedo do sexo feminino na sétima arte como também foi inovadora ao trazer avanço à técnica de fotografar o movimento.

Estamos falando da cineasta francesa Alice Guy-Blaché. Ela foi a primeira a chefiar um estúdio cinematográfico, e também a primeira diretora de cinema a criar uma narrativa fílmica. Referimo-nos aqui ao filme La Fée Aux Choux, de 1896, o qual poderá ver abaixo:



A cineasta possui vários filmes em sua carreira, porém queremos destacar aqui o filme Falling Leaves (1912) – uma garota vê sua irmã passar mal e, ao ser examinada por um médico, o ouve dizer que antes que as folhas caiam das árvores ela não sobreviverá.



A menina prende as folhas nos galhos para salvar a irmã. Uma narrativa simples, porém tocante. 

Este post foi escrito por Bardo quando colaborador do Entre Sujeitos e Verbos

2001 - Uma Odisseia no Espaço

O Primeiro Close-up da história do Cinema

12:37

Este post foi escrito por Bardo quando colaborador do Entre Sujeitos e Verbos

A aurora do cinema, apesar de conter seus principais nomes no berço do esquecimento, contém várias mentes criativas que fizeram manobras de câmera singulares para a época, de modo que tornaram possível o desenvolvimento da linguagem cinematográfica, formando o alicerce para a formação dos grandes cineastas bem prestigiados hoje em dia. Como vimos em um artigo anterior, George Albert Smith é um desses pequenos grandes.

The Kiss in the Tunnel criou o primeiro travelling da história do cinema. Stanley Kubrick fará isso em 2001 – Uma Odisseia no Espaço, congruindo a mente a uma viagem espaço-temporal infinitesimal. Mas não foi apenas isso que G. A. Smith fez ao filmar. Em seu curta The Sick Kitten, de 1903, vemos um gatinho doente e uma garota lhe dando o conteúdo de um frasco rotulado “Fisik”.



E então um corte: G. A. Smith foca o gato lambendo a colher – ele quer mostrar o gatinho com mais detalhes. Em outros curtas como do cineasta Grandma's Reading Glass (1900) e As Seen Through a Telescope (1900), já se percebe a utilização de cortes e a fixação em alvos específicos. Porém a utilização do close, sem que o elemento filmador torne-se parte da cena (nos dois outros curtas a câmera vem a ser a visão do personagem), torna-se elemento da linguagem cinematográfica nesse curta sobre o gatinho doente.


Uma inovação que será por muitas vezes imitada e utilizada (o faroeste spaghetti de Sérgio Leone utilizará muito desse artifício na construção da tensão de cenas – como o foco nos entreolhares no desafio final entre o bom, o mau e o feio no filme Três homens em conflito). Ainda que tímido diante de tantas obras de grande importância na história do cinema, um marco a ser reconhecido.

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Anos 1 a 4

O beijo às escondidas de George Albert Smith

18:59

Este post foi escrito por Bardo quando colaborador do Entre Sujeitos e Verbos


Os grandes produtores de arte que já existiram na história humana obtiveram seus resultados como reflexo de outros artistas, e de outras artes. Afinal, nada é inteiramente original. Com o cinema não é diferente. Mesmo que criada sem grandes pretensões no início, foi-se entendido a magnitude que poderia a máquina de gravar movimentos alcançar – ainda que de forma tímida no início, mas enfim conquistou o status de arte. O desenvolvimento – a aurora do cinema – das mentes dos pensadores do movimento gravado dá-se de forma bastante interessante e aprazível. E da matéria-prima do cinema – a luz – grandes manufatureiros realizaram essenciais produtos, ainda que pequenas frente as grandes produções cinematográficas que existem, para a diversidade de posições e movimentos de câmera tão amplamente explorados pelos grandes diretores atualmente.

George Albert Smith é um nome importante quando pensamos isso. Seus curtas são datados de 1897-1903 e podem ser encontrados facilmente pelo Youtube. Dentre seus 20 curtas, destacaremos dois nos quais podemos encontrar algumas inovações para a época: um que será rapidamente mostrado neste artigo e outro em um próximo. Apesar de simples, peço que o leitor possa situar-se no momento em que o cinema estava – no berço e mal havia aprendido a andar com as próprias pernas.

Apesar de ter havido produções anteriores onde momentos do dia-a-dia eram filmados, seus produtores não arriscavam pôr a câmera em locais que incrementassem a produção com especificidade e criatividade. A câmera em frente à cena filmava linearmente, sem cortes, close’s – sem edição. G. A. Smith, porém, cria o primeiro travelling:

The Kiss in the Tunnel (1899)


A câmera em cima de um trem cria um elemento fantasmagórico – um movimento que será amplamente utilizado por diretores respeitados – sua mente (do ponto de vista de quem assiste) vagueia pelo chão trilhado como se pudesse sentir o movimento de uma viagem de trem através do tunel à sua frente. E de repente o corte – um beijo lá dentro do trem, amável, às escondidas – e outro corte – a visão que adentrou a escuridão, agora contempla a luz vagarosamente. Ainda que sem grandes pretensões, a película traz algo de bastante novo para a época – o raciocínio na construção da filmagem.

A entidade cinematográfica, porém e felizmente, não se deu por satisfeita.







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Anos 1 a 4

Magia ao luar - Crítica (2014)

23:49

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Como mágica, o romance é um escape da realidade

O ano é 1928. Stanley (Colin Firth) é um mágico cético e esnobe que viaja a Côte d'Azur, na França, a fim de desmascarar, como especialista, uma jovem que tem convencido pessoas abastadas de que possui poderes mediúnicos. À medida que se encanta pela jovem, Stanley se depara com o dilema entre o ceticismo e a crença no transcendental.

É interessante observar os ambientes em que esses dilemas são expostos: quando envolvido pelo encanto da jovem (e por consequência, pela tentação de crer nas suas mediunidades), os ambientes são claros, cheios de luz, de detalhes naturais; quando tomado por seu ceticismo, Stanley se encontra em ambientes fechados, vazios, sem cor, sem brilho. É um convite para o personagem se desprender das amarras da realidade opressiva - a certeza da morte e a insignificância da vida humana.

As cenas cômicas relacionadas ao esnobismo de Stanley lembram os enredos investigativos das histórias de detetive: personagens sempre presos à solidão e obcecados pela arte com a qual se empregavam, característicos pela pomposidade, pela supervalorização do eu em menosprezo aos outros que parecem não ter consciência da vida vã - os tolos. Porém, tudo é uma questão de ponto de vista. Magia para Stanley é um trabalho sério, calculado friamente - o entretenimento é apenas uma consequência. Magia para Sophie (Emma Stone) é uma diversão - as pessoas gostam de ser iludidas.

Em mais uma comédia romântica divertida e deliciosa, Woody Allen relaciona a magia ao romance como grandes formas de escape da realidade. Antes, o romance é resultado de um belo truque de mágica, que nenhum mágico por excelência pode explicar.

Elenco: Colin Firth
Emma Stone
Marcia Gay Harden
Hamish Linklater
Jacki Weaver
Erica Leerhsen
Eileen Atkins
Simon McBurney
Direção: Woody Allen
Gênero: Comédia
Duração: 98 min.
Distribuidora: Imagem Filmes
Classificação: 12 Anos

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Anos 1 a 4

No Olho do Tornado - Crítica (2014)

22:44

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De olho no tornado

Uma equipe de filmagens viaja para documentar a formação de um tornado: não importa onde exatamente. O objetivo é penetrar em um e filmar o olho do tornado. Para isso, o diretor da produção está munido de um tanque de filmagem (isso mesmo, um tanque), que possui a capacidade de prender-se ao solo, com o fim de não ser levado pelos ventos intensos. Basicamente é essa a história do filme - será que vão conseguir? Para dá sustância à trama, um drama familiar paralelo à trama da equipe de filmagem do tornado acena para a tela a fim de mostrar a importância de uma família unida. Sem, é claro, esquecer dos momentos de alívio cômico - para isso os dois bêbados caipiras.

Podemos dizer que todos esses núcleos são desculpas para explosões e destruições colossais por meio dos tornados que são os verdadeiros protagonistas do blockbuster. Sendo intenção ou não, os personagens são mal desenvolvidos e as histórias de cada núcleo não despertam interesse. Por isso, é comum a ânsia e alguma impaciência enquanto os tornados não aparecem.

Imagem e som são de alta qualidade - os efeitos visuais e sonoros foram elogiados por James Cameron, e não é para menos. Assisti o filme em uma sala equipada com som Dolby Atmos - excelente na distribuição dos efeitos sonoros. A destruição é tratada com mimo na produção dos efeitos visuais e sonoros, de forma que diverte o espectador.

Em um trailer onde o som de destruição e efeitos visuais são o principal atrativo, não era de se esperar um núcleo dramático fraco e insosso - em uma produção onde os tornados são as estrelas.

Elenco: Richard Armitage
Sarah Wayne Callies
Max Deacon
Direção: Steven Quale
Gênero: Suspense
Duração: 89 min.
Distribuidora: Warner Bros
Classificação: 12 Anos

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Anos 1 a 4

Era uma vez em Nova York - Crítica (2014)

15:39

Este post foi escrito por Bardo quando colaborador do Entre Sujeitos e Verbos

É pecado tentar sobreviver?


Dirigido por James Gray, Era uma vez em Nova York (The Immigrant, produzido em 2013, mas tem sua estreia no Brasil apenas este ano, em 28 de agosto de 2014) relata a história de Ewa Cybulska (Marion Cotillard) que chega junto a sua irmã, Magda Cybulska, à Nova York da década de 20 do século passado, após saírem da Polônia arrasada pela Primeira Guerra Mundial. Magda, porém, chega com tuberculose, e fica presa no hospital em Ellis Island. Com Ewa o problema não é tão diferente: ela é ameaçada de ser deportada por um incidente ocorrido na embarcação na qual veio à América junto a sua irmã. Ewa é socorrida por Bruno Weiss (Joaquin Phoenix, em mais uma atuação fantástica) que, pagando propina por sua liberdade, a acolhe em sua residência. Mais tarde, Bruno a convence a usar o corpo. O objetivo é conseguir dinheiro para conseguir a liberdade da irmã.

A Nova York dos anos 20 é retratada suja, em uma fotografia encardida, como se o sol sempre estivesse se pondo (à noite, os ambientes são iluminados sombriamente pelos lampiões). Nada mais proporcional à situação da imigrant na parte pobre de Nova York. Para conseguir seus objetivos em alcançar o american dream e uma chance melhor de vida, Ewa encontra mais obstáculos do que portas abertas: os tios que lhes esperavam lhe fecham as portas quando escutam as notícias de moralidade duvidosa por parte das sobrinhas na vinda à Nova York. 

De todos os empecilhos e cargas talvez a moralidade seja seu principal empecilho durante o enredo: Ewa rejeita os toques de homens, católica como é, mas ao perceber que talvez a única saída para a liberdade da irmã seja utilizar seu corpo, ela o faz. Ewa se confessa, e o padre lhe diz que a única maneira de se redimir é abandonar os pecados. Ewa abaixa a cabeça, engole o choro, e abandona o confessionário.

Em um determinado momento, Ewa pergunta à tia se é pecado tentar sobreviver. A tia calada apenas chora. A dor de não poder ultrapassar o rígido moralismo do marido - que renega a sobrinha para não manchar sua reputação - e da dúvida quanto à conduta da sobrinha - ela ouve a sobrinha de lado, como dividida entre compreendê-la ou se apegar às fortes crenças e valores, renegando-a. Em Ewa, porém, a força dos vínculos familiares parecem se sobrepor a qualquer outra relação. Ela abandona suas crenças e vínculos com outros em prol de libertar sua irmã.

James Gray prenuncia momentos de tensão (momentos divisores de águas para as mudanças de cada personagem) ao pôr a câmera à distância, perscrutando os personagens das janelas, atrás de portinholas, diante de espelhos - como com receio de encarar os personagens ou as situações que estão prestes a afetá-los. Em detalhes percebemos a mão de Gray, conduzindo a história de Ewa de forma precisa e tocante. Um cinema escasso hoje em dia.

Direção: James Gray

Gênero: Drama
Duração: 120 min.
Distribuidora: Europa Filmes
Classificação: 14 Anos
Elenco: Marion Cotillard 
Joaquin Phoenix
Jeremy Renner
Dagmara Dominczyk
Angela Sarafyan
Antoni Corone
Deedee Luxe

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Alice Munro

Amores Inversos - Crítica (2014)

00:27

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Liza Johnson faz filme sobre mudanças carregado de otimismo

A diretora Liza Johnson dirige seu segundo filme, baseado no conto intitulado Ódio, amizade, namoro, amor, casamento, da escritora canadense Alice Munro, ganhadora do prêmio Nobel de Literatura em 2013. Johanna Parry, interpretada por Kristen Wiig, é contratada para tomar conta de um homem idoso (Nick Nolte) e da pré-adolescente Sabitha. Tímida, de cabelos franzidos, sem maquiagem, ingênua, Johanna é enganada por Sabitha e sua colega de escola, que faz com que a empregada pense que o pai de Sabitha, Ken (Guy Pearce), possui um interesse amoroso nela. A força motriz para as ações de Johanna durante o filme partem daí.

Fruto da brincadeira das jovens supracitadas, Johanna encontra forças para vencer a timidez: começa a se maquiar, compra um vestido novo, enfrenta ordens de seu "chefe", se muda sem aviso-prévio para a casa de Ken. Mas é sua conduta que move as mudanças e reviravoltas do filme. Johanna, apesar de ser enganada, permanece condescendente, generosa.

Liza Johnson tem paciência para o desenvolvimento da história, mas parece concluir que as mudanças são simples - Ken consegue parar de cheirar cocaína apenas jogando seu último saquinho na privada; mesmo a terapia dos Narcóticos Anônimos não é o suficiente para motivar Ken, mas a presença submissa de Johanna o motiva. Em uma série de cortes bruscos com os quais a diretora tenta finalizar o enredo, Liza Johnson mostra de forma bem otimista como as mudanças de hábito são fáceis - o fluxo das mudanças não encontra nenhum obstáculo, tornando o ato conclusivo simples e carregado de otimismo. Liza mostra, assim, que a força da mulher é motivada pelo desejo de construir e cuidar de uma família própria, não da de outros, e é demonstrada em sua submissão marital e prestatividade.


Elenco: 
Kristen Wiig 
Guy Pearce
Hailee Steinfeld
Nick Nolte
Jennifer Jason Leigh
Christine Lahti
Sami Gayle
Direção: 
Liza Johnson
Gênero: 
Drama
Duração: 
100 min.
Distribuidora: 
Paris Filmes
Classificação:

14 Anos

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Anos 1 a 4

Lucy - Crítica (2014)

01:19

Este post foi escrito por Bardo quando colaborador do Entre Sujeitos e Verbos

Luc Besson confunde ficção científica com fantasia

O novo filme do cineasta francês Luc Besson, produtor de conhecidos filmes de ação, terá sua estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta feira, 28 de agosto de 2014. Lucy é estrelado por Scarlett Johansson, que interpreta a personagem-título. Ao representar um amigo, entregando uma maleta a certo Sr. Jang, Lucy é raptada e lhe é imposta drogas em seu abdômen por cirurgia. Após sofrer chutes no estômago, o pacote se rompe, e ela acaba por absorver uma grande quantidade dessa droga e adquire super poderes - percepção extrassensorial, telecinesia, ausência da dor e superinteligência, para citar alguns.

O filme parte da premissa de que os seres humanos só utilizam 10% da capacidade cerebral. Atualmente a medicina descarta veemente essa hipótese. Cientificamente, se utilizássemos apenas 10% da massa cinzenta seríamos como ovelhas, de acordo com a Universidade de Washington. Mas, em entrevistas, Besson parece crer que isso é verdade. “Acho que não estamos no máximo, então é muito empolgante pensar nisso, no que podemos fazer a mais”, declarou Besson à Reuters em uma entrevista às vésperas da estreia britânica do filme, em 22 de agosto.*

Partindo de uma premissa cientificamente incorreta, o filme tenta se fazer autêntico por meio de um linha de raciocínio "científica", aqui delineada por meio do personagem de Morgan Freeman, Dr. Norman (ele chega a supor o desenvolvimento da capacidade de controlar extrassensorialmente a matéria a partir de 40% de atividade cerebral). Em meio a primeiro e segundo atos mal desenvolvidos, não há sustentação alguma para o fim, que soa, além de previsível, frágil em sua estrutura narrativa.

Além de um raciocínio científico ingênuo, os furos de roteiro são gigantescos. Lucy aprende mandarim em alguns minutos. Consegue ler uma imagem de raio-x e diagnosticar um tumor cerebral inoperável. Mas desconhece a super-droga que lhe deu superpoderes. "Fale-me um pouco sobre isso... CHP4.", ela indaga ao cirurgião.

Besson disse em entrevista ter tido a necessidade de incorporar à narrativa do filme de ação, filosofia, e relacionou essa necessidade com a sua idade. Apenas não mediu seu estudo filosófico. Sua exploração da capacidade cerebral humana - e sua análise sobre o universo, objetivo da vida e tudo mais - são tão rasas que expressas por sua protagonista lhe dão (à personagem) o caráter falso, irreal. Seu filme, no fim, é motivo de piada.

Em entrevista à Rolling Stones, Besson disse: "Eu tento me diversificar como artista. Estou feliz por ter feito Lucy atualmente, quando tenho 50 anos. Eu penso que teria acabado com este filme se o tivesse feito quando era mais jovem". E eu nem quero pensar nisso, Besson.

*Trecho retirado da matéria de Edward Baran, do site Reuters Brasil, no dia 24 de agosto de 2014.

Elenco: 
Scarlett Johansson 
Morgan Freeman
Min-sik Choi
Analeigh Tipton
Amr Waked
Pilou Asbæk
Claire Tran
Julian Rhind-Tutt

Direção: 
Luc Besson

Gênero:
Ação

Duração: 
90 min

Distribuidora: 
Universal

Classificação: 
16 Anos



Este post foi escrito por Bardo quando colaborador do Entre Sujeitos e Verbos

Anos 1 a 4

Uma história de ônibus lotado, bicho e confusão

19:26

Foto: Reprodução
Era apenas mais uma volta para casa depois de um dia cansativo. Ou era pra ter sido. O ônibus, lotado como sempre, finalmente chegava a um trecho livre da pista e eu podia imaginar que logo chegaria em casa. Com os braços já cansados de segurar aquela barrinha amarela, via meu reflexo no vidro da janela. Apenas ouvia-se o barulho do motor e de outros veículos passando. As pessoas caladas, cada uma perdida em sua própria cabeça.

Até que ouve-se algo batendo forte no chão. Começa uma movimentação, um burburinho, ao fundo do ônibus. Perigoso do jeito que anda mundo, as perspectivas são sempre as mais pessimistas. Mas foi tudo tão rápido que não deu para pensar em assalto. Algumas pessoas gritavam, como fugindo de algo, outras riam. Não era um assalto. Todo mundo olhando pro chão, levantando as pernas, devia ser um bicho!

Eu não tinha para onde ir, apenas tentava olhar para o chão naquele mar de gente, na esperança de que se pudesse ver o tal bicho, talvez pudesse levantar um pé, depois o outro e deixá-lo seguir seu caminho. À essa altura, as gargalhadas e gritinhos já eram uma confusão. E ainda tentando enxergar o chão, eu me peguei rindo daquela situação e pensando na boa história que poderia me render. Mais uma história de ônibus lotado.

"Caranguejo!", alguém grita. Eu penso como um caranguejo tinha ido parar naquele ônibus. Só conseguia imaginar aqueles vendedores de caranguejo vivo e um dos danados decidindo que era hora de ir embora. Mas o que um vendedor de caranguejo ia estar fazendo no ônibus àquela hora da noite? Não era hora de pensar logicamente.

Mais risos, gente nas partes mais altas que conseguiam, levantando as pernas e eu olhando para o chão pelas poucas brechas que conseguia. Da mesma maneira que a confusão se instalou, logo se acalmou. Restaram apenas os risos, as entreolhadas que significavam "não entendi muito bem o que aconteceu". Mais risos. Uma menininha do meu lado perguntando à mãe "cadê o caranguejo?".

Duas mulheres rindo e uma delas explica que não era um caranguejo.
"Era um camaleão!".

aniversário

Parabains

18:12

Este post foi escrito por Marcos Adriano quando colaborador do Entre Sujeitos e Verbos


Foto: Reprodução
O ser humano é um bicho que se destaca dos outros na natureza por um motivo simples: ele é extremamente bizarro. Não naturalmente bizarro, como um inseto peludo típico da América do Sul ou um peixe amorfo luminoso das profundezas do Oceano Pacífico. O homo sapiens escolhe ser estranho e assume comportamentos que no fundo, lá no fundinho, não têm explicação lógica. Certeza, quando os perucas-brancas da taxonomia resolveram classificar tudo o que anda, rasteja, nada e avoa (por volta de mil setecentos e bolinha), levaram em consideração um dos aspectos mais extraordinários desta racinha: o ser humano é o único animal, entre todos os outros animais, que comemora aniversários.

Recentemente estive muito próximo dessa experiência e mesmo depois de ‘festejar’, receber as felicitações, etc., não consigo entender algumas peças desse evento. E acredito que nem Lázaro possa nos ajudar a compreender. O importante é que tal qual o mistério da morte, talvez nós nunca consigamos decifrar totalmente - em vida - o enigma do “completar mais uma Primavera” vinculado aos “parabéns”. Porém, como seres racionais, a gente pode discutir sobre a profundidade filosófica da coisa.

Primeiro: temos que deixar claro o real significado dessa palavra. Geralmente a utilizamos para cumprimentar uma pessoa que realizou tal feito. Os parabéns servem para reconhecer o resultado de seu esforço. Ok, ok. Agora, diga-me (ó, Lázaro) por que diabos usamos isso nos aniversários também? Etimologistas afirmam que o sentido original do termo era o de desejar coisas boas a alguém (inclusive implícito nos -béns mandados para-). Mas é inadmissível que essa palavra tenha dois sentidos tão diferentes porque confunde o receptor!

Eu, por exemplo, recebi vários ‘parabéns’ no Facebook e pessoalmente. Agradeci ou apenas curti a postagem por preguiça de escrever ‘obrigado’ em todas, mas ainda não compreendo. Parabéns por que, crianças? Nascer nessa data há duas décadas? (Falem com meus pais, gente, o mérito não é necessariamente meu). Em casos onde a situação se inverte, o procedimento para não parecer incoerente com o maldito vocábulo é postar no mural do aniversariante um discreto: “parabéns por ter nascido”... O truque consiste em deixar o sujeito saber por qual motivo ele deve se sentir orgulhoso, mesmo que não faça sentido.

Ainda que esse problema possa ser contornado, resta um outro incômodo: ‘parabéns’ é o plural desse treco ambíguo. O singular é (e por que, meu Deus?) PARABÉM. Inclusive o Word não tacha de vermelho o ‘parabém’; mais uma evidência do lado sombrio desse substantivo suspeito. Então como fazemos? Como escolher quantos disso nós ofereceremos? Por afinidade? Uma amiga íntima recebe a quantidade de 10 parabéns, enquanto um colega recebe 6 e aquela inimiga recebe apenas um pobre, solitário e feio “parabém” por educação? A reforma ortográfica veio e foi embora, amigos. Então me respondam: ficaremos parados esperando uma que mude coisas realmente importantes? Não? Se você é um dos meus e já se encontra abrindo uma nova aba para criar uma petição no Avaaz e reverter essa situação, ficam aqui minhas centenas de parabéns.

Este post foi escrito por Marcos Adriano quando colaborador do Entre Sujeitos e Verbos

Anos 1 a 4

A Invenção de Hugo Cabret

18:21

Uma homenagem a George Meliés e seu legado


A Chegada de um Trem na Estação, 1895
A invenção do cinema é atribuída aos irmãos Auguste e Louis Lumière. Eles foram os primeiros a produzirem e projetarem em uma tela fotos em alta velocidade que reproduziam com excelência (para a época) movimentos. O primeiro filme, La Sortie des usines (A Saída dos Operários da Fábrica, 1895), retratava justamente isso, em quase um minuto de duração. A partir daí se seguiram uma série de curtas, produzida pelos irmãos Lumière, mostrando coisas simples, como L'Arrivée d'un train en gare de La Ciotat (A Chegada de um Trem na Estação, 1895), onde na sala de projeção pessoas saltaram da cadeira ao verem um trem vindo em sua direção. Vários filmes foram realizados do fim do século XIX ao início do século XX. Os irmãos, porém, não viam futuro em sua invenção. Não podiam estar mais errados!

Ilustração do Livro A Invenção de Hugo Cabret,
 
baseado numa foto do filme Le voyage dans la Lune (1902),

de George Meliès.
Grande pioneiro da narrativa fantástica nas telonas, George Meliès fez mais de 500 filmes, de diversos gêneros. Grande explorador de efeitos visuais, investiu em seus filmes. Criativo, sagaz. Um sonhador. É em homenagem a esse grande cineasta que Brian Selznick construiu A Invenção de Hugo Cabret (The Invention of Hugo Cabret, 2007). A narrativa mista do livro causa a sensação híbrida provida pelo cinema, onde a imagem junto ao áudio são armas para a construção da narrativa, de forma lógica. De forma paralela, as ilustrações fantásticas e a narrativa simples e direta facilita o dinamismo e a imersão na história. Uma visão cinematográfica impressa em páginas e encadernada. Uma digna homenagem ao construtor de sonhos, o senhor Meliès, que engatou a segunda marcha da elegante, fantástica, idealística e belíssima sétima arte.

*Os filmes de Meliès estão disponíveis gratuitamente em domínio público. A obra completa do cineasta não está disponível, já que parte dela foi perdida ou destruída com o tempo.


Veja abaixo o curta de George Meliès, Le voyage dans la Lune (1902):




Anos 1 a 4

2 anos de ESV: novos colaboradores, novos temas

08:54


Queridos leitores,

não escrevi nada no domingo devido a correira da vida, mas claro que não esqueci que o Entre Sujeitos e Verbos estava completando 2 aninhos de vida. Já falei milhões de vezes como esse espaço é especial para mim e como não pretendo abandoná-lo. Ando cheia de projetos e coisas para fazer, então tenho menos tempo para dar as caras por aqui, mas não vou sumir.

Além de agradecer a todos vocês que fazem tudo isso ter sentido nesses anos, hoje gostaria de trazer uma novidade: é com muita felicidade que apresento a vocês e dou boas vindas a três amigos e novos colaboradores do blog: Marcos Adriano, Carcará e Bardo (sim, os dois últimos são pseudônimos). Faz tempo que os dois tímidos anônimos me disseram que tinham interesse em escrever aqui e convidei Marcos, que aceitou imediatamente. Finalmente arrumei a casa para recebê-los.

Pedi para eles se apresentarem para vocês:

BardoGrande contador de histórias ruins desde tempos antigos, há milênios tentando contar uma história interessante, Bardo foi tomar sua cerveja dourada e por engano, bebeu água da vida (misturado com relaxante muscular Red Power) depois de certo alguém ter perdido seu cantil por aquelas bandas. Tomado de tamanho sopor, dormiu por eras, até acordar no século XXI. Maravilhado e assombrado, Bardo apaixona-se pela tecnologia e pelo filtro de água. Depois de passar por um tratamento de vermes, Bardo é apresentado ao cinema - TRECHO CORTADO DEVIDO A CHATICE CRÔNICA - e foi assim que Bardo perdeu um dente e o dedo miudinho do pé direito. Mas ele escreverá sobre cinema no blog Entre Sujeitos e Verbos após encher o saco da dona com concreto, almejando sucesso pela sua nova paixão.


Marcos Adriano: ex-químico, 'aspira' em jornalismo e futuro baleiro.
Olar, meu nome é Marcos, sou estudante de jornalismo na Ufba e esse corpo tem 20 anos de ossos velhos e cabelos opacos. Técnico em Química pelo Ifba, não segui na área porque não conseguia gravar o diagrama de Pauling. Dentre as minhas habilidades estão dançar o moonwalk e fazer aqueles biscoitinhos redondos com goiabada. Já vendi salgados em quiosque, já catei quiabo na roça e só Deus e Demi sabem pelo que mais eu passei.






Carcará: "If you reveal your secrets to the wind, you should not blame the wind for revealing them to the trees." (Kahlil Gibran) Não faço ideia do que colocar num descritivo. Mais um estudante de engenharia em uma pequena cidade, que pretende colocar algumas ideias no papel enquanto ainda lembra delas. Quando eu tive a ideia de escrever, não me recordava da necessidade de um nome. Vamos fingir que eu lembrei disso e selecionei um nome fantástico. Não que um nome seja importante. Enfim, vim para escrever sobre o que der. Abrass, Carcará.


Em breve os três começam a escrever por aqui.
Infelizmente, saí do projeto 5 on 5, por falta de tempo. Mas fotografia ainda vai aparecer por aqui e já tô preparando uns posts-tutorial pra vocês!
Também tô preparando os posts sobre jornalismo :)
 Acompanhem!

Anos 1 a 4

Sobre aquilo que a gente não entende

08:00

Foto: Reprodução
Sei que entender faz parte da condição humana. Ou tentar entender, pelo menos. Porque o homem é u ser racional e entender faz parte da racionalidade. Isso é muito importante, eu sei. Possibilitou a criação de muitas coisas. Para o bem ou para o mal. Mas acontece que, infelizmente ou felizmente, nem tudo pode ser entendido pela gente.

E nessa ânsia de entender tudo de qualquer maneira, aquilo que não entendemos é considerado absurdo. Impossível. Inimaginável. Inexistente. Inaceitável. Como somos bobos! E pequenos. E vivemos apenas no nosso mundinho racionalmente explicável. Porque a chuva cai. Porque o céu é azul. Porque, porque, porque... Palavrinha que nos acompanha desde a infância.

Se aceitássemos que nem tudo pode ser entendido pela gente. Que tem coisa que só vai fazer sentido um dia. Daqui a uma semana. Daqui a dez anos. Que tem coisa que mesmo que nos expliquem, não vai ser aceitável. A vida seria bem melhor. Se deixássemos de perder tempo tentando entender o inintendível. Se parássemos de culpar o que não sabemos. Se aceitássemos que não podemos saber tudo.

Quem sabe assim as coisas começassem a fazer mais sentido.

Anos 1 a 4

Sobre novos planos pro blog: era pra ser apenas um parêntese

17:23

Pessoas, precisamos conversar!


Devo começar esse post pedindo desculpas. Sei que ando sumida. Deixei até de participar do 5 on 5 de abril (sorry, meninas!). Isso me deixa chateada. De verdade.

Esse post ia ser só um parêntese no post do 5 on 5 de maio. Mas o texto rendeu e rendeu e...

Quando criei o Entre Sujeitos e Verbos não queria que acontecesse o que aconteceu com outro blog que tive (ou seriam outros?). Acontece que eu ainda tava me encontrando. Sobre o que eu queria escrever. Etc e tal. E apesar de gostar do outro blog, que era especificamente sobre moda (nem me imagino mais fazendo isso *risos*), não era algo que me interessava tanto.

Mas com esse aqui não. Tudo começou com textos. Amo escrever. Me encontrei. Adoro o nome Entre Sujeitos e Verbos. Adoro saber que o que coloco aqui é visto por alguém, às vezes de outras partes do mundo, e gosto muito quando as pessoas me dão um retorno disso (seja um comentário, seja um email). Não é nada pra encher o ego não. É que eu gosto de contar histórias (e ouvir também). E é bom saber que alguém me ouve. A interação que o blog permite é incrível. Ainda que o "olho no olho" me encante muito mais.

Com o tempo, outras coisas que eu gosto acabaram tendo espaço aqui. Livros, filmes, fotografia...

Mas a vida existe fora do computador (e como eu amo essa vida!). Família, amigos, namorado, faculdade, estágio... Tudo isso é muito importante pra mim e não posso abrir mão de nada. Porque não quero abrir mão de nada disso. E o Entre Sujeitos e Verbos tá no meio dessas coisas. É um projeto (modesto) de vida. Um de muitos.

Como todo projeto, tenho muitos planos pra ele. Sei que já falei muito sobre isso aqui. Coloquei algumas mudanças em prática. Mas sempre é possível melhorar. E eu quero fazer isso. Daqui a 3 meses exatos, ele completa 2 anos! Falando como uma mãe coruja: passou tão rápido! Quando ele surgiu, eu queria que ele durasse, mas nem imaginava como seria dois anos depois, com temas a mais e layout novo.

Mas acho que, às vezes, é preciso dar um passo pra trás pra dar dois pra frente. Não vou desistir do blog! Não mesmo. Nem vou mudá-lo drasticamente. A ideia é a seguinte: o tempo tá escasso, não posso falar de tudo e não posso deixar de falar. Então preciso escolher (infelizmente ou não) o que continua ou não.
  1. Textos: continuam. O propósito inicial do blog eram os textos e isso tem que permanecer, claro. Contos fictícios, crônicas reais, o que for.
  2. Fotografia: continua. Desde que comecei a estudar fotografia por conta própria percebo que é uma aprendizagem constante e merece ser compartilhada.
  3. Resenhas de livros e filmes: primeiro, não sou crítica de cinema. Não mesmo. Então não acho que possa continuar dando apenas a minha opinião pessoal, de gostar ou não. Os livros, a mesma coisa. Claro que nada me impede de compartilhar algo que eu ache bastante interessante com vocês. Mas resenhas de ambos não vão mais aparecer :(
  4. Jornalismo: esse é um tópico que vem martelando na minha cabeça e ainda não tenho certeza. Para quem não sabe, comecei a estudar jornalismo esse ano e estou amando! Não querendo influenciar ninguém, mas ler algo de pessoas que cursavam o curso foi um dos muitos pilares da minha escolha profissional. É algo pelo qual estou me apaixonando e acho que o blog merece registrar isso. Enquanto não decido, fica um asterisco aqui.
  5. Colaboradores. Nunca tenho certeza da decisão de incluí-los ou não. É tanta coisa que vemos por aí de colaboradores que não se dedicam, etc e tal... Não sei. Se por acaso eu encontrar pessoas dispostas, até as resenhas de livros e filmes podem voltar. Veremos.
Ainda penso em algumas coisas, mas não é nada tão certo, então prefiro parar por aqui. Esse post é só uma satisfação pra o fato de vocês verem que o tempo tá corrido pra mim, parei de falar de alguns temas e o blog não morreu.

Enquanto houver alguém aí do outro lado disposto a ler essas palavras, terei o maior prazer de escrevê-las!
Obrigada por tudo, pessoal!

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A partir do dia 03/08/2013, as fotos são de autoria do autor do post, quando não indicado o contrário.
Antes dessa data, as fotos utilizadas aqui no blog foram encontradas na internet, quando não indicado o contrário. Se você é ou conhece o autor, informe nos comentários e colocarei os devidos créditos :)