Anos 1 a 4

Jornalismo: a escolha e as primeiras impressões

06:11


Faz tempo que quero falar sobre jornalismo aqui. Hoje decidi escrever sobre como escolhi jornalismo, as primeiras impressões que tenho como caloura da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia e o que espero dos próximos semestres do curso, basicamente.

A escolha
Eu já pensei em fazer milhões de coisas desde pequena: pediatria, letras, engenharia da computação, direito... Na verdade, nada na área de saúde é pra mim. Pediatria era algo de criança. Letras, que também foi no tempo de criança, porque gostaria de ensinar (fui criada entre professoras, livros e papel) e é uma ideia que não abandono por completo, só considero outra área. Engenharia da computação quando estava cursando o técnico em eletrônica, mas me decepcionei com o mercado e desisti. Apesar de gostar de exatas, meu caminho sempre foi humanas. No quarto e último ano no Instituto Federal da Bahia, onde aprendi a gostar de filosofia, me encantava com as aulas de sociologia.

Pensei em fazer direito. Aliás, já vi muita gente que pensou em cursar direito e fez jornalismo e vice-versa. Eu tava chegando lá. Mas ainda não sabia disso. Queria fazer direito. Estava decidida (mais uma vez!). A maioria das pessoas não conhece seus direitos e deveres e eu queria fazer parte disso. Pensava em ser defensora pública pra ajudar as tais pessoas. Então uma vez me perguntaram o que me atraía no direito. Eu demorei alguns segundos pra responder. Depois vim com o papo da defensoria. Eu queria levar informações para as pessoas (mas isso não é papel do jornalista?).

Os segundos que levei pra responder me incomodaram (e muito!). Não me senti segura na minha afirmação. As coisas não encaixavam e aquilo ficou martelando na minha cabeça. Então voltei a pesquisar milhões de coisas sobre cursos, mercados, profissionais que já atuavam na área, etc etc etc... como fiz milhões de vezes.

Depois de ler bastante sobre pessoas que faziam jornalismo, decorar a ementa do curso, as possibilidades de atuação e milhões de outras coisas, eu estava decidida (de novo!). Mas dessa vez seria pra valer. Fiz o Enem, consegui a vaga e uma semana depois de concluir o ensino médio, lá estava eu entrando na universidade. Na primeira semana, destinada a apresentar a faculdade e o curso, eu já estava encantada. A vontade era sair me inscrevendo em tudo que fosse possível. Uma sensação incrível de ter feito a escolha certa me fazia acordar cedo, pegar ônibus lotado e engarrafamento todos os dias sem reclamar (tá, é claro que a gente reclama dessas coisas de vez em quando).

Então começaram as aulas, a velha pergunta sobre porque você escolheu o curso e eu tão certa respondendo que queria apenas que essa certeza me acompanhasse pelo resto da vida.

O primeiro impacto
Jornalistas são uma espécie incompreendida pela sociedade. Sensacionalismo, manipulação, falta de veracidade nas informações, tudo isso mexe com o nosso campo profissional, apesar de a credibilidade jornalística se manter forte, ao meu ver, durante todos esses anos e, espero eu, por muitos mais. Senti isso ainda antes de começarem as aulas do primeiro semestre. No dia da matrícula, a mãe de alguém que estava se matriculando perguntou qual era meu curso. Quando respondi felizmente "jornalismo", não ouvi um "interessante" ou mesmo "por que escolheu esse curso?". Eu ouvi "e você tem cara de pau? por que jornalistas são todos caras de pau". Confesso que não queria ouvir aquilo e nem sabia como responder exatamente. Achei que não valeria a pena continuar a conversa. Apenas respondi que escolhi porque achava muito interessante, importante e esperava que fosse uma boa escolha.

O que posso dizer é que estou começando o segundo semestre e tem sido uma excelente escolha, que agora irei compartilhar aqui no Entre Sujeitos e Verbos.

A certeza
Sempre gostei de pessoas, de ouvir e de contar histórias, ler, pesquisar... Sempre soube disso e a faculdade tem me lembrado e me ensinado como ouvir e contar histórias, como procurar o que ainda não foi dito e dizer a quem interessa e as milhões de formas de se fazer isso. Eu sei e tenho descoberto ainda mais que o jornalismo, assim como diversas, senão todas as áreas profissionais tem seus problemas e tenho que estar disposta a enfrentá-los ou mesmo aceitá-los. Mas sei que quero fazer isso. Quero contar às pessoas o que elas querem ou precisam saber.

Alice Guy-Blaché

O outono de Alice Guy-Blaché

20:52

Este post foi escrito por Bardo quando colaborador do Entre Sujeitos e Verbos

Alice Guy-Blaché
Movimentos feministas se tornaram bastante comuns a partir da segunda metade do século XX, em busca da valorização da mulher e de mais espaço em áreas profissionais onde era mais comum a atuação masculina. No entanto, muito antes disso mulheres já se destacavam em diversas áreas onde a presença masculina ainda era majoritária. No cinema, a primeira mulher não só serviu de estreia para o dedo do sexo feminino na sétima arte como também foi inovadora ao trazer avanço à técnica de fotografar o movimento.

Estamos falando da cineasta francesa Alice Guy-Blaché. Ela foi a primeira a chefiar um estúdio cinematográfico, e também a primeira diretora de cinema a criar uma narrativa fílmica. Referimo-nos aqui ao filme La Fée Aux Choux, de 1896, o qual poderá ver abaixo:



A cineasta possui vários filmes em sua carreira, porém queremos destacar aqui o filme Falling Leaves (1912) – uma garota vê sua irmã passar mal e, ao ser examinada por um médico, o ouve dizer que antes que as folhas caiam das árvores ela não sobreviverá.



A menina prende as folhas nos galhos para salvar a irmã. Uma narrativa simples, porém tocante. 

Este post foi escrito por Bardo quando colaborador do Entre Sujeitos e Verbos

2001 - Uma Odisseia no Espaço

O Primeiro Close-up da história do Cinema

12:37

Este post foi escrito por Bardo quando colaborador do Entre Sujeitos e Verbos

A aurora do cinema, apesar de conter seus principais nomes no berço do esquecimento, contém várias mentes criativas que fizeram manobras de câmera singulares para a época, de modo que tornaram possível o desenvolvimento da linguagem cinematográfica, formando o alicerce para a formação dos grandes cineastas bem prestigiados hoje em dia. Como vimos em um artigo anterior, George Albert Smith é um desses pequenos grandes.

The Kiss in the Tunnel criou o primeiro travelling da história do cinema. Stanley Kubrick fará isso em 2001 – Uma Odisseia no Espaço, congruindo a mente a uma viagem espaço-temporal infinitesimal. Mas não foi apenas isso que G. A. Smith fez ao filmar. Em seu curta The Sick Kitten, de 1903, vemos um gatinho doente e uma garota lhe dando o conteúdo de um frasco rotulado “Fisik”.



E então um corte: G. A. Smith foca o gato lambendo a colher – ele quer mostrar o gatinho com mais detalhes. Em outros curtas como do cineasta Grandma's Reading Glass (1900) e As Seen Through a Telescope (1900), já se percebe a utilização de cortes e a fixação em alvos específicos. Porém a utilização do close, sem que o elemento filmador torne-se parte da cena (nos dois outros curtas a câmera vem a ser a visão do personagem), torna-se elemento da linguagem cinematográfica nesse curta sobre o gatinho doente.


Uma inovação que será por muitas vezes imitada e utilizada (o faroeste spaghetti de Sérgio Leone utilizará muito desse artifício na construção da tensão de cenas – como o foco nos entreolhares no desafio final entre o bom, o mau e o feio no filme Três homens em conflito). Ainda que tímido diante de tantas obras de grande importância na história do cinema, um marco a ser reconhecido.

Este post foi escrito por Bardo quando colaborador do Entre Sujeitos e Verbos

Anos 1 a 4

O beijo às escondidas de George Albert Smith

18:59

Este post foi escrito por Bardo quando colaborador do Entre Sujeitos e Verbos


Os grandes produtores de arte que já existiram na história humana obtiveram seus resultados como reflexo de outros artistas, e de outras artes. Afinal, nada é inteiramente original. Com o cinema não é diferente. Mesmo que criada sem grandes pretensões no início, foi-se entendido a magnitude que poderia a máquina de gravar movimentos alcançar – ainda que de forma tímida no início, mas enfim conquistou o status de arte. O desenvolvimento – a aurora do cinema – das mentes dos pensadores do movimento gravado dá-se de forma bastante interessante e aprazível. E da matéria-prima do cinema – a luz – grandes manufatureiros realizaram essenciais produtos, ainda que pequenas frente as grandes produções cinematográficas que existem, para a diversidade de posições e movimentos de câmera tão amplamente explorados pelos grandes diretores atualmente.

George Albert Smith é um nome importante quando pensamos isso. Seus curtas são datados de 1897-1903 e podem ser encontrados facilmente pelo Youtube. Dentre seus 20 curtas, destacaremos dois nos quais podemos encontrar algumas inovações para a época: um que será rapidamente mostrado neste artigo e outro em um próximo. Apesar de simples, peço que o leitor possa situar-se no momento em que o cinema estava – no berço e mal havia aprendido a andar com as próprias pernas.

Apesar de ter havido produções anteriores onde momentos do dia-a-dia eram filmados, seus produtores não arriscavam pôr a câmera em locais que incrementassem a produção com especificidade e criatividade. A câmera em frente à cena filmava linearmente, sem cortes, close’s – sem edição. G. A. Smith, porém, cria o primeiro travelling:

The Kiss in the Tunnel (1899)


A câmera em cima de um trem cria um elemento fantasmagórico – um movimento que será amplamente utilizado por diretores respeitados – sua mente (do ponto de vista de quem assiste) vagueia pelo chão trilhado como se pudesse sentir o movimento de uma viagem de trem através do tunel à sua frente. E de repente o corte – um beijo lá dentro do trem, amável, às escondidas – e outro corte – a visão que adentrou a escuridão, agora contempla a luz vagarosamente. Ainda que sem grandes pretensões, a película traz algo de bastante novo para a época – o raciocínio na construção da filmagem.

A entidade cinematográfica, porém e felizmente, não se deu por satisfeita.







Este post foi escrito por Bardo quando colaborador do Entre Sujeitos e Verbos

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