Lucy - Crítica (2014)

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Este post foi escrito por Bardo quando colaborador do Entre Sujeitos e Verbos

Luc Besson confunde ficção científica com fantasia

O novo filme do cineasta francês Luc Besson, produtor de conhecidos filmes de ação, terá sua estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta feira, 28 de agosto de 2014. Lucy é estrelado por Scarlett Johansson, que interpreta a personagem-título. Ao representar um amigo, entregando uma maleta a certo Sr. Jang, Lucy é raptada e lhe é imposta drogas em seu abdômen por cirurgia. Após sofrer chutes no estômago, o pacote se rompe, e ela acaba por absorver uma grande quantidade dessa droga e adquire super poderes - percepção extrassensorial, telecinesia, ausência da dor e superinteligência, para citar alguns.

O filme parte da premissa de que os seres humanos só utilizam 10% da capacidade cerebral. Atualmente a medicina descarta veemente essa hipótese. Cientificamente, se utilizássemos apenas 10% da massa cinzenta seríamos como ovelhas, de acordo com a Universidade de Washington. Mas, em entrevistas, Besson parece crer que isso é verdade. “Acho que não estamos no máximo, então é muito empolgante pensar nisso, no que podemos fazer a mais”, declarou Besson à Reuters em uma entrevista às vésperas da estreia britânica do filme, em 22 de agosto.*

Partindo de uma premissa cientificamente incorreta, o filme tenta se fazer autêntico por meio de um linha de raciocínio "científica", aqui delineada por meio do personagem de Morgan Freeman, Dr. Norman (ele chega a supor o desenvolvimento da capacidade de controlar extrassensorialmente a matéria a partir de 40% de atividade cerebral). Em meio a primeiro e segundo atos mal desenvolvidos, não há sustentação alguma para o fim, que soa, além de previsível, frágil em sua estrutura narrativa.

Além de um raciocínio científico ingênuo, os furos de roteiro são gigantescos. Lucy aprende mandarim em alguns minutos. Consegue ler uma imagem de raio-x e diagnosticar um tumor cerebral inoperável. Mas desconhece a super-droga que lhe deu superpoderes. "Fale-me um pouco sobre isso... CHP4.", ela indaga ao cirurgião.

Besson disse em entrevista ter tido a necessidade de incorporar à narrativa do filme de ação, filosofia, e relacionou essa necessidade com a sua idade. Apenas não mediu seu estudo filosófico. Sua exploração da capacidade cerebral humana - e sua análise sobre o universo, objetivo da vida e tudo mais - são tão rasas que expressas por sua protagonista lhe dão (à personagem) o caráter falso, irreal. Seu filme, no fim, é motivo de piada.

Em entrevista à Rolling Stones, Besson disse: "Eu tento me diversificar como artista. Estou feliz por ter feito Lucy atualmente, quando tenho 50 anos. Eu penso que teria acabado com este filme se o tivesse feito quando era mais jovem". E eu nem quero pensar nisso, Besson.

*Trecho retirado da matéria de Edward Baran, do site Reuters Brasil, no dia 24 de agosto de 2014.

Elenco: 
Scarlett Johansson 
Morgan Freeman
Min-sik Choi
Analeigh Tipton
Amr Waked
Pilou Asbæk
Claire Tran
Julian Rhind-Tutt

Direção: 
Luc Besson

Gênero:
Ação

Duração: 
90 min

Distribuidora: 
Universal

Classificação: 
16 Anos



Este post foi escrito por Bardo quando colaborador do Entre Sujeitos e Verbos

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