Faz tempo que quero falar sobre jornalismo aqui. Hoje decidi escrever sobre como escolhi jornalismo, as primeiras impressões que tenho como caloura da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia e o que espero dos próximos semestres do curso, basicamente.
A escolha
Eu já pensei em fazer milhões de coisas desde pequena: pediatria, letras, engenharia da computação, direito... Na verdade, nada na área de saúde é pra mim. Pediatria era algo de criança. Letras, que também foi no tempo de criança, porque gostaria de ensinar (fui criada entre professoras, livros e papel) e é uma ideia que não abandono por completo, só considero outra área. Engenharia da computação quando estava cursando o técnico em eletrônica, mas me decepcionei com o mercado e desisti. Apesar de gostar de exatas, meu caminho sempre foi humanas. No quarto e último ano no Instituto Federal da Bahia, onde aprendi a gostar de filosofia, me encantava com as aulas de sociologia.
Pensei em fazer direito. Aliás, já vi muita gente que pensou em cursar direito e fez jornalismo e vice-versa. Eu tava chegando lá. Mas ainda não sabia disso. Queria fazer direito. Estava decidida (mais uma vez!). A maioria das pessoas não conhece seus direitos e deveres e eu queria fazer parte disso. Pensava em ser defensora pública pra ajudar as tais pessoas. Então uma vez me perguntaram o que me atraía no direito. Eu demorei alguns segundos pra responder. Depois vim com o papo da defensoria. Eu queria levar informações para as pessoas (mas isso não é papel do jornalista?).
Os segundos que levei pra responder me incomodaram (e muito!). Não me senti segura na minha afirmação. As coisas não encaixavam e aquilo ficou martelando na minha cabeça. Então voltei a pesquisar milhões de coisas sobre cursos, mercados, profissionais que já atuavam na área, etc etc etc... como fiz milhões de vezes.
Depois de ler bastante sobre pessoas que faziam jornalismo, decorar a ementa do curso, as possibilidades de atuação e milhões de outras coisas, eu estava decidida (de novo!). Mas dessa vez seria pra valer. Fiz o Enem, consegui a vaga e uma semana depois de concluir o ensino médio, lá estava eu entrando na universidade. Na primeira semana, destinada a apresentar a faculdade e o curso, eu já estava encantada. A vontade era sair me inscrevendo em tudo que fosse possível. Uma sensação incrível de ter feito a escolha certa me fazia acordar cedo, pegar ônibus lotado e engarrafamento todos os dias sem reclamar (tá, é claro que a gente reclama dessas coisas de vez em quando).
Então começaram as aulas, a velha pergunta sobre porque você escolheu o curso e eu tão certa respondendo que queria apenas que essa certeza me acompanhasse pelo resto da vida.
O primeiro impacto
Jornalistas são uma espécie incompreendida pela sociedade. Sensacionalismo, manipulação, falta de veracidade nas informações, tudo isso mexe com o nosso campo profissional, apesar de a credibilidade jornalística se manter forte, ao meu ver, durante todos esses anos e, espero eu, por muitos mais. Senti isso ainda antes de começarem as aulas do primeiro semestre. No dia da matrícula, a mãe de alguém que estava se matriculando perguntou qual era meu curso. Quando respondi felizmente "jornalismo", não ouvi um "interessante" ou mesmo "por que escolheu esse curso?". Eu ouvi "e você tem cara de pau? por que jornalistas são todos caras de pau". Confesso que não queria ouvir aquilo e nem sabia como responder exatamente. Achei que não valeria a pena continuar a conversa. Apenas respondi que escolhi porque achava muito interessante, importante e esperava que fosse uma boa escolha.
O que posso dizer é que estou começando o segundo semestre e tem sido uma excelente escolha, que agora irei compartilhar aqui no Entre Sujeitos e Verbos.
A certeza
Sempre gostei de pessoas, de ouvir e de contar histórias, ler, pesquisar... Sempre soube disso e a faculdade tem me lembrado e me ensinado como ouvir e contar histórias, como procurar o que ainda não foi dito e dizer a quem interessa e as milhões de formas de se fazer isso. Eu sei e tenho descoberto ainda mais que o jornalismo, assim como diversas, senão todas as áreas profissionais tem seus problemas e tenho que estar disposta a enfrentá-los ou mesmo aceitá-los. Mas sei que quero fazer isso. Quero contar às pessoas o que elas querem ou precisam saber.