Domingo

19:13

Foto: Reprodução
"Vai começar o jogo". Ele fala isso quando ainda faltam uns trinta minutos pro jogo começar. "Vou fazer a pipoca", eu digo. Faltam dez minutos. Pego o notebook, sento no sofá, começo a escrever. "Hoje vamos ganhar", ele senta do meu lado, totalmente empolgado. Eu olho pra ele. Sorrio. Volto pra cá e continuo a escrever. "Ah, hoje você vai torcer comigo", ele tenta pegar o computador. "Eu vou escrevendo e vou prestando atenção", continuo escrevendo. "Você sempre diz isso", ele sorri. "Ah, eu gosto desse cara", penso, sorrindo de volta.

Começa o jogo. Ele esquece que não estou realmente torcendo (não entendo nada de futebol), mas tento dar meu apoio moral. "Quase", ele grita. Paro de escrever e só observo sua reação. Ele gosta mesmo de futebol. Olho pra televisão, numa nova tentativa, dentro de milhares, de tentar gostar daquilo. Não consigo. Acho melhor prestar atenção nele. Ele levanta, aponta, senta, levanta de novo... Deve estar difícil. Continuo escrevendo.

"Gooool!" (pausa no texto porque ele me puxa pelo braço, me carrega, gira, "gooool!"). Eu até comemoro. Não vi o lance, não vi o gol, mas tô feliz também.

Termina o jogo. Ele vira pra mim, "jogão, né?". Ele sabe que não entendo nada. Mas concordo. E rimos bastante. Ele me explica como está a situação do time no campeonato, eu presto atenção e até entendo na hora. Mas esqueço depois. Não me entenda mal, sou uma aluna dedicada e quero ser ouvinte dele sobre o que ele gosta. Mas, realmente, futebol não é comigo.

Ele procura saber o que tô escrevendo. E depois é minha vez de encher ele de informações que gosto e ele não entende. Mas me ouve, atento.

Somos bons nisso. De conversar sobre o que gostamos com quem gostamos.

E o domingo termina com um filme romântico.

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